"Voto Evangélico". Não é Bem Assim!


Reproduzo abaixo uma postagem que emite uma opnião pessoal sobre igreja e política, e o faço por desposar o mesmo ponto de vista. Ainda que muitos tenham um conceito diferente, insisto e recomendo, mesmo que, ao menos, a título de texto para reflexão.
As minhas posições sobre igreja e política são claras. Mas não custa relembrar: 1) A igreja não deve apoiar oficialmente um candidato, seja ele evangélico ou não, isso porque a igreja deve ser uma entidade neutra sem interesses no poder temporal. 2) O papel da igreja é educar, ou seja, orientar os fiéis a um voto consciente. E a ação educadora passa também pela formação de uma alta cultura. 3) A igreja deve defender a democracia e a voz eclesiástica ativa em sua sociedade laica, assim como deve rejeitar movimentos teocráticos ou extremistas que se escondem sob o secularismo. 4) A igreja jamais deve ceder o seu espaço para a propaganda política, ideológica ou partidária. 5) O prédio da igreja não pode ser confundido com comitê eleitoral. 6) O candidato que visitar um culto deve ser tratado como qualquer outro visitante, ou seja, com educação, mas sem nenhuma diferenciação. 7) A igreja evangélica deve ser a maior defensora da separação entre a Igreja e o Estado.
Mas neste texto quero falar sobre o “voto dos evangélicos”, ou seja, essa entidade mística buscada com afinco pelos políticos, vendida pelos pastores sem escrúpulos e objeto de análise dos “especialistas”. O tom é meio de “voto de cabresto”, ou seja, se uma denominação apoia determinado candidato parece que todo membro daquela igreja votará no indivíduo. Será que é assim mesmo?
Na verdade, tal visão é preconceituosa. A ideia que o “rebanho” é tão dependente da orientação pastoral que votará em qualquer um apresentado pela igreja é simplesmente absurda. Eu, pessoalmente, já vi inúmeras vezes pastores defendendo determinado candidato e membros da mesma igreja dizendo que iam votar no candidato adversário. O que pesa mais não é a palavra do pastor, mas sim a percepção geral daquele eleitor sobre o candidato. Pode até ser que a opinião do eleitor coincida com a orientação daquele pastor, mas tal processo não é automático, principalmente para eleger os membros do Poder Executivo.
Em 2008 fui em um culto onde defendiam abertamente o voto no então candidato e prefeito Gilberto Kassab. O culto era composto em sua maioria de jovens, mas ao final eu ouvi um grupo deles comentando: “Eu não vou votar no Kassab. Eu vou votar na Marta (Suplicy) porque ela vai colocar internet de graça em toda a cidade”. Dias depois vi uma cena parecida, mas as palavras foram de uma senhora bem idosa. Naquele dia percebi que não existe voto de cabresto em igrejas evangélicas. As pessoas votam conforme a sua própria cabeça.
É claro que alguns ouvirão os seus pastores inescrupulosos. E repito: tais pastores envergonham o Evangelho, pois a missão pastoral é a exposição bíblica e o discipulado. Mas não é a maioria. A maioria vota com autonomia. Portanto, o “pastor” que vende apoio a um candidato está enganando aquele político. Aliás, um pastor que vende apoio deveria pedir sua demissão, pois traz desgraça sobre o seu ministério.
Deveriam aprender com Paulo, o apóstolo, que era tão preocupado com a credibilidade de seu testemunho diante do mundo. “Não damos motivo de escândalo a ninguém, em circunstância alguma, para que o nosso ministério não caia em descrédito”, disse ele aos coríntios [2 Coríntios 6.3].
Os evangélicos em sua maioria, repito, não são ovelhas mansas levadas a qualquer voto. A decisão é bem pessoal, mesmo que baseada em promessas populistas. A qualidade do voto não é melhor e nem pior que a média geral da população brasileira. Portanto, os evangélicos são mais manipuláveis do que os não-evangélicos? É claro que não. Para o bem ou para o mal, o nível é o mesmo!
Originalmente: O “voto dos evangélicos”, o voto de cabresto e o preconceito velado nas análises jornalísticas e sociológicas! por Gutierres Fernandes Siqueira, Blog Teologia Pentecostal

Postar um comentário

Agradeço a visita.
Deixe o seu comentário.
Abraço!

Postagem Anterior Próxima Postagem